sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Em nome da herança


Duas famílias diferentes unidas pelo mesmo patriarca. Assim parecem as eleições ao governo do Espírito Santo deste 2010. De um lado, Luiz Paulo Velloso Lucas (PSDB), amigo de longa data do governador Paulo Hartung (PMDB) – o patriarca ; do outro, Renato Casagrande (PSB), que entrou para a família recentemente, após ter o seu DNA reconhecido à força.

A única coisa incomum entre os dois candidatos ao governo é o amor declarado ao ‘grande pai’. Ambos já foram vítimas de crueis castigos, mas não se opoem, pois sabem que foi um método de educação para se alinharem à trilha correta da ‘política democrática’.

Mesmo com marcas pelo corpo (em especial no pescoço – sofreram asfixia paterna), exaltam o pai e o colocam no altar dos educadores renomados. Santuário também onde repousam em graça todos aqueles que só erraram quando pensaram estar errados.

Qualquer desatenção grave, que tenha o mundo inteiro visto e criticado, os dois candidatos consideram que faltou tempo para promover o benefício pleno. Por isso, pedras ao chão e a ‘cara na reta’ para assumir os não-problemas em fase avançada e planejada de resolução.

Quando há um candidato do governo, o adversário levanta os pontos fracos da gestão atuante para mostrar ao eleitorado porque se faz necessária uma mudança. Mas, quando os dois principais candidatos lutam para ser a imagem e semelhança da continuidade, o debate enfraquece e cega e emburrece quem mais precisa saber do que realmente acontece: a população.

Em 2009, Casagrande e Luiz Paulo – na condição de excluídos do ‘testamento’ do patriarca; já que o querido era Ricardo Ferraço (PMDB) – foram contundentes ao dizer que não haveria nomeação para governador do Estado. Só porque disputam entre si, será mesmo que não terá a nomeação?

Penso que não haveria a tal nomeação quando Ricardo era o candidato ao governo. Contra o vice-governador haveria Luiz Paulo, por motivos políticos e partidários; e Casagrande, por razões de projeto político, que, naquele momento, enfrentava de frente até mesmo o patriarca.

Com a saída de Ricardo, os dois polarizados neste pleito são de ‘casa’, sendo assim quem vencer representará uma vitória de Paulo Hartung. Enquanto lutavam contra a tal nomeação, ela se deu com uma simples mexida no tabuleiro pelo patriarca.

E a verdade é que tucano e pombo estão de olho na gorda herança política e administrativa deste governo. Com a ausência do patriarca, o ‘filho’ que se destacar nas urnas não ganhará apenas a chave do Palácio Anchieta, mas o código do cofre que acalenta mais de R$ 1 bilhão em investimentos; a avaliação positiva inicial; receberá o cajado que pastoreia partidos políticos de todas as estirpes (lê-se também Assembleia Legislativa), órgãos fiscalizadores e ainda ganhará a vista grossa de quem não deveria ter.

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