sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Cachoeirense ausente de verdade

Eis que surge um leve movimento, que será avolumado com a dedicação do presidente estadual do PDT, Sérgio Vidigal. A intenção é resgatar a votação de Suely Vidigal, retirada em parte significativa pelo adversário Audifax Barcelos. Para isso, vale até criar um amor para sugar apenas o que a relação tem de melhor; no caso, o voto.

Aqui na capital secreta, sabemos de vários cachoeirenses que, mesmo fora da cidade, se destacam e jamais esquecem de suas raízes. São personagens que têm orgulho em ser de Cachoeiro. Tanto que, para eles, o também ilustre escritor Newton Braga criou o título de Cachoeirense Ausente para homenagear aqueles que elevam o nome do município além de nossas fronteiras.

Porém, é de entristecer ver um cachoeirense querendo vir à cidade somente para atender seus interesses eleitorais e depois voltar para sua terra-escolhida, estampando as costas para o curso do rio Itapemirim.

Isso é exatamente o que acontece com a deputada federal Suely Vidigal, de Serra. Como a região sul do estado moribunda economicamente no leito da ausência de representação política no cenário estadual e nacional, foi criado o movimento Voto Sul. O objetivo é quem os eleitores da região votem em candidatos da região e que sejam comprometidos com os anseios daqui.

A razão é que os políticos de outros pontos do estado veem ao município, recolhem votos, elegem-se e só retornam quatro anos depois, sem nenhum empenho ou benefício direto nesse vácuo de 48 meses. Muitos deputados no país atuam eleitoralmente durante todo o seu mandato, ou seja, destinam o maior volume de recursos de suas emendas parlamentares ao seus redutos eleitorais – onde têm mais votos.

Essa atitude também tem influência direta do eleitor, uma vez que pode mudar seu voto caso não esteja satisfeito com o trabalho de seu representante. E as duas questões colocadas caem como luva para a nobre deputada que tenta se salvar também no eleitorado cachoeirense.

Nas eleições de 2006, Sueli Vidigal foi eleita com a segunda maior votação do estado, tendo 118.127 votos. Até hoje, a cachoeirense só se lembrou de sua terra-natal em 2008, quando conseguiu o pagamento de R$ 365 mil para estruturação da Santa Casa de Misericórdia (dotação inicial era de R$ 700 mil) e conseguiu empenhar R$ 837 mil para o Hospital Infantil, ainda não pago, segundo dados do Portal Orçamento, disponibilizado no sítio do Senado Federal.

Me pergunto: será que, cachoeirense como diz que é, não deveria se empenhar mais contribuindo com a cidade onde nasceu? Será que ela colaborou tão pouco porque teve apenas 346 votos em Cachoeiro? Será que ela só teve 0,3% de sua votação total em Cachoeiro porque não teve a satisfação do eleitor local quando era deputada estadual? E por que teria votos agora? Qual argumento ela vai utilizar? Dirá que será mais cachoeirense como deputada?

Olha como as coisas são. Para o município de Serra, onde seu marido é prefeito, Sueli dedicou cerca de R$ 10 milhões de suas emendas. Será que todo esse empenho é porque a sua família está instalada lá? Ou será que ela beneficiou tanto a cidade de Serra porque teve 68.245 votos por lá? Já começa a clarear em minha mente o porquê de nem existir a palavra Cachoeiro no site da deputada. O berço de Rubem Braga, Roberto Carlos, Sérgio Sampaio e todos nós só está registrado na agenda de campanha – como estratégia desesperada para compensar o que se perde por lá. No próximo post, o motivo de Sergio Vidigal se licenciar da prefeitura.

Um comentário:

  1. Seus artigos estão cada vez melhores e se tornando leitura obrigatória. Parabéns.

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