sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Estreia com o pé esquerdo

 
O primeiro ano do governo de Luciano Paiva (PSB) em Itapemirim foi marcado por denúncias de corrupção. Claro que obras aconteceram, umas já encaminhadas na gestão de Norma Ayub (DEM) e outras com a marca socialista. Porém, o atendimento ao público é a regra, não exceção.

O ano foi duro para Luciano ainda antes de assumir o cargo de prefeito. Pesava contra ele denúncia de falsidade ideológica na prestação de contas de sua campanha. Uma pessoa teria negado ter feito doação de R$ 4 mil.

Na metade do ano, iniciou uma crise entre o prefeito e alguns secretários, que atuaram diretamente na sua campanha eleitoral. Estes queriam a saída dos parentes de Luciano do primeiro escalão, por haver a suspeita de fraude durante o verão de 2013.

O prefeito preferiu os familiares em detrimento daqueles que o apoiaram no período eleitoral, sendo um seu tesoureiro de campanha.

Não deu outra: os agora ex-secretários confeccionaram dois dossiês contra Luciano e protocolaram na Câmara Municipal. A primeira série de denúncias foi arquivada pelos vereadores; a segunda está em análise e o socialista já apresentou a sua defesa.

A realidade naquele pedaço do litoral é marcada por notícias de ameaças, de beneficiamento e demais elementos que costumam compor cenários que envolvem suspeita de corrupção - semelhante ao que aconteceu em Presidente Kennedy recentemente.

Vejo que somente a apuração da Câmara Municipal não é suficiente, por ser um julgamento político; no geral - não que seja o caso de Itapemirim - o martelo parlamentar bate conforme as pretensões da maior influência política.

É preciso que o Ministério Público também averigue as denúncias contra o prefeito e também a possibilidade de Luciano ser alvo de perseguição política ou chantagem. A população tem que saber se o líder do município está na mira de uma injustiça ou 'atira' covardemente contra os seus conterrâneos.

Nuroc

Nesta semana, policiais civis do Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas (Nuroc) estiveram na sede do legislativo municipal para ouvir cinco vereadores. Ninguém diz o assunto. Entretanto, estamos certos que não foi uma visita somente para um café.



terça-feira, 26 de novembro de 2013

Sem candidato, PT tem que consolidar projeto

 
PMDB, PSB e PR têm nomes para disputar o governo do Estado e, com isso, a tarefa principal é agregar aliados em torno deste projeto. A realidade do PT é proporcionalmente inversa, já que não tem em seus quadros um nome competitivo para disputar o pleito majoritário.
O valor agregado do PT na eleição vindouro é algo a se avaliar, já que o partido é protagonista somente na esfera nacional; no estado, é coadjuvante.
O esforço do governador Renato Casagrande (PSB) em manter o partido em sua base aliada, a meu ver, tem caráter estritamente administrativo. Afinal, ele depende do governo federal para entregar obras à população capixaba, o que sustentará o seu currículo como gestor a ser apresentado durante campanha eleitoral.
Se não fosse por isso, imagino que Casagrande já teria abraçado a pré-candidatura do pernambucano Eduardo Campos (PSB) e oferecido a porta de saída ao PT como serventia do Palácio Anchieta - na mesma linha do racha nacional.
O PMDB ensaia uma dobradinha com o PT, que encara a parceria como o melhor caminho para garantir um bom palanque para a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). Porém, não querem Ricardo Ferraço (PMDB) como cabeça de chapa, e sim o ex-governador Paulo Hartung (PMDB).
E a preferência petista se dá por dois motivos: uma, por acreditarem que Hartung tem mais capital político; outra, porque Hartung como candidato ao governo deixa a única vaga do Senado aberta ao prefeito de Vitória, João Coser (PT).
Existe ainda outra possibilidade: o PMDB apontar um vice para Casagrande, deixando o PT a ver navios, e, uma vez à deriva, coligar-se com Magno Malta (PR). Lembrando que uma possível candidatura de Malta não é algo a se desprezar.
Nos bastidores, circula a informação de que o empresariado capixaba já teria sinalizado que não há recursos para patrocinar dois candidatos, no caso, um peemedebista e Casagrande. E a probabilidade de vitória de candidaturas vinculadas a um palanque com Hartung, Casagrande e companhia é grande.
O PT terá de utilizar de muita habilidade política para não perder o que tem e nem deixar de ganhar o que pretende. O jogo está iniciado e, como sempre, não aceita falhas. O ponto positivo é ter um Lula para contribuir no tabuleiro.



 

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Consciência multirracial

Desde a fuga dos negros das grandes fazendas, na época da escravidão no Brasil, também sob a liderança de Zumbi, que os 'quilombos' cresceram no país. A diferença é que esses 'quilombos' se tornaram bairros e não apenas os negros carregam dentro de si o banzo, como pessoas de outras raças são chicoteadas pelo preconceito - hoje diverso e fortalecido.

Certo que por pior que seja a realidade, jamais poderá ser comparada aos crimes sofridos pelos negros da época durante cerca de 400 anos tanto no Brasil quanto em alguns países da África.

Hoje uma família pobre não corre o risco de sequestro. É inimaginável que um grupo de homens entraria em uma humilde residência para acorrentar o marido, a mulher e as crianças para levá-los a destinos diferentes, suportando (ou não) meses de viagens mar adentro, em condições sub-humanas.

Um pobre não é obrigado a trabalhar e nem é torturado caso não suporte a carga da labuta inglória. As mães negras não precisam mais deixar de cuidar de seus fihos para amamentarem as crianças da corte; e nem enfrentar o risco constante de estupro.

Um trabalhador não precisa mais engolir o ouro/dinheiro para que o patrão deixe de pagar caro pelo quinto/imposto e depois ter a barriga rasgada para a devolução do valor. Enfim, é uma série de crueldades que deixaria ex-torturadores de qualquer didatura perplexos.

É um tempo marcado pelo desrespeito ao ser humano. Tempo marcado pela demoníaca utilização do nome de Deus. É um tempo de exclusão que jamais queremos de volta, nem em desfavor aos carrascos.

As origens e peculiaridades humanas devem ser respeitadas e apreciadas em todo o mundo e não serem estampas para a segregação. A evolução ou reversão do ódio são exercícios disponíveis aos sustentadores das afirmações sem o alicerce do conceito formado.

Diante de tanto sofrimento dos ancestrais negros, sabemos, pelo menos minimamente, a dosagem ideal de amor a doar. Talvez, seja daí a fonte do sorriso que contamina o samba, que enche de esperança o reggae, de elegância o jazz, de emoção o blues. Alegria esta compartilhada e alimentada pela raça humana.

Reverência

Sendo o Dia da Consciência Negra, destaco aqui os saudosos Marcus Garvey e Abdias do Nascimento; e o líder Rastafari, Jorge Makandal, e o jornalista e advogado cachoeirense José Paineiras. Saravá!

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Luciano é escravo do discurso de campanha


Há poucos meses, alguns vereadores de Itapemirim reclamavam por todos os cantos da falta de poder de gestão de boa parte do secretariado do prefeito de Itapemirim, Luciano Paiva (PSB).

Alguns estavam prestes a partir para a oposição; só não o fizeram porque acreditavam que havia boa vontade do prefeito para com os pedidos, de origem das comunidades, levados até ele. Perceberam que o entrave estava na pouca qualificação de alguns secretários.

É natural que uma prefeitura ou governo estadual escolham para seu primeiro escalão um ou outro profissional de fora do município ou do estado. O primordial nestes casos é o conhecimento, talento e a certeza de que a pessoa cumprirá a missão; e não o local onde nasceu.

Durante a campanha eleitoral, o discurso principal de Luciano era a valorização/contratação da mão de obra local em detrimento de pessoas advindas de outros municípios, principalmente de Cachoeiro de Itapemirim.

O objetivo era fazer um contraponto à gestão ferracista, na figura da ex-prefeita Norma Ayub (DEM), que tinha na folha de pagamento inúmeros profissionais cachoeirenses que fizeram parte da gestão de Ferraço até 2004.

Porém, as palavras de Luciano desfilaram no radicalismo. Desde então, qualquer contratação que não seja nativa pode fazer com que descumpra o principal discurso de campanha, o que implica em farsa eleitoral.

Enquanto isso, em meio a um orçamento milionário, Paiva governa no ritmo que as limitações lhe impõem, talvez não o necessário para superar todas as realizações de Norma no município, proporcionalmente, já que ela esteve à frente por dois mandatos.

Sem contar que o primeiro ano de governo de Luciano não está nada fácil, principalmente por causa da série de denúncias de corrupção em seu desfavor feita pelos itapemirienses nomeados por ele na administração; agora fora.

Uma hora os conterrâneos da Câmara Municipal terão que investigar.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Independência e qualidade estão ameaçadas no Tribunal de Contas


A indicação do deputado estadual Sérgio Borges (PMDB) para ser conselheiro do Tribunal de Contas (TC) ainda causa grande repercussão. Isso porque ele já foi alvo de condenação da justiça e agora irá avaliar e julgar contas públicas, a partir de indicação política.

Caso algum deputado, que votou em Sérgio para conselheiro, venha a ocupar cargo executivo, será que o peemedebista terá gratidão quando estiver debruçado sobre as contas deste gestor?

Digamos que o governador Renato Casagrande (PSB) tenha sido o principal cabo eleitoral neste caso, será que o Sérgio Borges colocaria, pelo menos, ressalvas ou determinações sobre as contas do chefe do executivo estadual?

A independência do Tribunal de Contas é duvidosa mediante a forma de ingresso no órgão. E todos sabemos que na política não existe almoço grátis. Sem a isenção não é difícil imaginar que a qualidade do trabalho é diretamente prejudicada.

Acredita-se que aproximadamente 25% dos membros dos TC estaduais não possuem a formação adequada para exercer a função.

De acordo com o Século Diário, três dos seis conselheiros efetivos do TC do estado respondem a processos de improbidade administrativa. Já no Brasil, estima-se que cerca de 15% dos conselheiros são investigados por crimes.

O Instituto Ethos identificou que a falta de independência dos colegiados dos Tribunais de Contas impacta negativamente na boa governança nos estados brasileiros. O estudo é intitulado Sistema de Integridade nos Estados Brasileiros.

No intuito de tentar reverter esse quadro, está em tramitação na Câmara dos Deputados a PEC 329/2013, que tem por objetivo principal erradicar a interferência política dentro dos Tribunais de Contas.

Na justificativa desta proposta de emenda à Constituição diz que 99% dos temas abordados pela população que foi às ruas protestar, recentemente, têm conexão direta com a atividade dos Tribunais de Contas, que, por isso, devem ser chamados à responsabilidade.
Para quem está interessado em conhecer a PEC, que tem apoio da Associação Nacional do Ministério Público de Contas (AMPCON), segue o linque: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=597232.




 

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Números substituem discurso de Casagrande

A pesquisa feita pelo Instituto Futura, publicada no domingo (03/11), identificou que o governador Renato Casagrande (PSB) venceria as eleições no primeiro turno e superaria (dentro da margem de erro), até mesmo, o ex-governador Paulo Hartung (PMDB) em um hipotético segundo turno.

Embora seja cedo para as avaliações, a divulgação dos números eleitorais ocorreu no momento ideal para os socialistas, que percebiam uma movimentação contrária do PMDB e PT.

Um posicionamento firme do PSB soaria hostil, aceleraria uma possível dobradinha entre PMDB e PT e reduziria o leque de apoio em torno do projeto de reeleição de Casagrande.

Para anular quaisquer intrigas, o próprio governador Casagrande deu o tom, dizendo incansavelmente que a antecipação do debate eleitoral era um equívoco, indo de encontro à pré-candidatura à presidência (embrionária) da maior estrela de seu partido: Eduardo Campos.

Por isso, ao que se imagina, a reação do PSB - ou Palácio Anchieta -, diante de toda a movimentação política, veio através dos números do Futura.

A pesquisa mostra que o senador Magno Malta (PR) não é ameaça, como se imaginava, e que, para crescer seu potencial, dependerá de ampla aliança - o que é pouco provável de acontecer.

No PMDB, o estrago foi maior. O diagnóstico do cenário eleitoral joga um balde de água fria nas intenções de Ricardo Ferraço (PMDB), que não aparece competitivo. Com isso, os planos peemedebistas para a majoritária podem considerar Hartung em detrimento de Ricardo.

Pior: pode crescer e se fortalecer no PMDB a ala que está decidida a apoiar a reeleição de Casagrande.

Para o PT, que tem Dilma Rousseff e uma vaga no Senado como prioridades principais, restam prosseguir com o discurso amigável e monitorar o cenário, para a difícil tarefa de conseguir a vitória de Dilma no estado.

Já Casagrande conseguiu um prazo para respirar e ganhar fôlego para o ano eleitoral.