sábado, 30 de junho de 2012

PT assume Glauber como adversário



O PT de Cachoeiro de Itapemirim realizou a sua convenção neste sábado e a linha do discurso, que deve ser muito utilizada na campanha de reeleição do prefeito Carlos Casteglione, é “o velho vestido de novo”.

Acontece que uma notícia de última hora mobilizou o tabuleiro político cachoeirense, após o deputado estadual Theodorico Ferraço (DEM) anunciar que não será candidato e destinará o seu apoio ao colega de plenário Glauber Coelho (PR).

A bem da verdade, os petistas tinham preferência por disputar contra Ferraço. Mesmo o demista liderando as pesquisas de intenção de votos, com demasiada folga, os governistas acreditavam que a polarização levaria o deputado a mais uma derrota. Já a candidatura de Glauber poderia confundir o eleitorado, no que diz respeito ao anseio do novo que a população local alimenta.

Porém, com o apoio declarado de Ferraço ao republicano e uma possível adesão a este projeto do PMDB, do ex-prefeito Roberto Valadão, o PT enxerga que pode associar a imagem ferracista e valadonista ao Glauber e promover uma polarização indireta com Ferraço e demais lideranças que o antecederam.

Tanto que na convenção Casteglione voltou a mencionar que fará uma campanha de comparação, colocando em questão as ações aplicadas em seus três anos e meio de gestão com os cerca de 40 anos em que se alternaram no poder Ferraço, Valadão e José Tasso (PMDB).

Um ponto que pesa a favor de Casteglione, sem dúvida, é a máquina e o dinheiro que o partido utilizará. Obviamente, os valores disponíveis para a campanha não são conhecidos, mas pela megaestrutura empregada na convenção, que foi realizada no Unimed Hall, dá para ter uma ideia de como será a campanha eleitoral.

Geopolítica

Nos bastidores, a notícia é que mais uma vez Vitória decidiu as candidaturas do interior do estado. Em Colatina, o palácio abriu mão da candidatura do deputado federal Paulo Foletto (PSB) em apoio ao PDT, na pessoa do deputado Josias da Vitória.

Em Vila Velha, o PSB vai apoiar a reeleição de Neucimar Fraga (PR); em Vitória, os palacianos ficam com Iriny Lopes (PT), possivelmente indicando o vice; na Serra, concorrem com o deputado Audifax Barcelos (PSB). A intenção seria ter o equilíbrio de forças na grande Vitória.

Ainda conforme as informações dos bastidores, os socialistas pretendiam firmar acordo com o PT em Cachoeiro, no entanto, os números das últimas pesquisas teriam levado o palácio a sinalizar positivamente para Glauber Coelho – inclusive, tal posicionamento fora comunicado aos petistas nesta semana.

A desistência de Ferraço teria dois motivos: primeiro; uma articulação para alterar o regimento interno da Assembléia Legislativa permitindo a reeleição do presidente da Casa – no caso, o próprio demista; segundo, é que na presidência da Ales, no segundo mandato, ele terá forte influência na sucessão ao governo do Estado em 2014.


Ps.: foto retirada do Facebook do amigo Joaquim Neiva

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Difícil para negociar


Nos bastidores, acredita-se que o apoio declarado ao deputado Glauber Coelho (PR) pelo colega de plenário Theodorico Ferraço (DEM) visando as eleições de Cachoeiro de Itapemirim pode ter o litoral como moeda de troca.

Embora tenha sido derrotado nas urnas em 2008, não duvido que Ferraço tenha a vontade de ser prefeito novamente, até mesmo pelo amor que anuncia pela cidade. Mas, querer não é poder.

A cada dia que passa, fica mais clara a polarização entre Glauber e o prefeito Carlos Casteglione (PT). Uma disputa entre os três em Cachoeiro pode prejudicar o próprio Ferraço, na chamada ‘transferência de votos’ ou ‘voto útil’.

Tal ‘fenômeno’ aconteceu no município em 2004 entre Roberto Valadão (PMDB) e Jathir Moreira. Os eleitores, inclusive os que tinham simpatia por Casteglione, votaram em Valadão para que o candidato de Ferraço (Jathir) não vencesse. Em 2008, muitos que votaram em Valadão em 2004 destinaram sua preferência a Casteglione para que Ferraço não somasse seu sexto mandato.

Os mais atentos aos números coletados junto aos eleitores afirmam que Glauber é o político que herda os votos de Theodorico; estando os dois na mesma eleição, pode haver uma sangria que prejudique o demista.

O PR, também na figura do seu presidente regional, senador Magno Malta, vem costurando o apoio ferracista em Cachoeiro. É possível que nos próximos encontros, Ferraço negocie a prefeitura de Itapemirim, onde sua esposa governa. A negociação seria a seguinte: em troca do apoio em Cachoeiro, o PR retiraria a pré-candidatura de Caprini (liderança forte); ou então, fortaleceria o grupo governista com a adesão de Caprini.

Mas, colocando uma lupa no cenário político de Itapemirim, é possível ver que tanto a administração quanto o deputado não estão com a força necessária. O grupo governista é formado apenas por quatro partidos (DEM, PTB, PSD e PMDB), sendo que os três primeiros têm influência direta de Ferraço.

A oposição reúne quase duas dezenas de siglas, sendo que todas nutrem aversão ao governo. Além disso, prefeitura e o deputado, que teve queda em sua votação de uma eleição para outra no município, amargam a rejeição – por hora, peculiar ao tempo exercido.

Contudo, percebe-se que o projeto ferracista em Itapemirim está em pleno isolamento e sem a musculatura devida para enfrentar um batalhão de partidos que levanta a bandeira popular de dar um basta às pessoas de outras cidades apontando o caminho que eles devem seguir.

Resumindo, Ferraço não tem ‘moeda’ para uma negociação política entre Itapemirim e Cachoeiro. O PR, através de Caprini, conta com a simpatia das siglas da oposição; o que quer dizer que os republicanos têm a gritante possibilidade de vencer as eleições no litoral, sem precisar comprar a lua. 

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Ferraço limpa caminho e se esconde



O plenário da Câmara Municipal estava cheio na noite desta quinta (31/05) e o motivo não era a última reunião do grupo suprapartidário: todos queriam saber e ver se o deputado Theodorico Ferraço (DEM) iria dizer se ia ou não disputar a prefeitura de Cachoeiro. E aconteceu o que o gaguejar da história sempre tentou expressar.
Num olhar mais atento (mesmo que equivocado), deu para perceber que Ferraço não quer uma segunda derrota consecutiva em seu currículo político. Como o próprio falou, da tribuna da Câmara, ele lutou para vencer as eleições de 2008, mas foi derrotado pelo atual prefeito Carlos Casteglione (PT).
Ainda no foco, Ferraço agiu dentro da mesma velha prudência: tenta limpar o caminho preenchido por outros figurões, aguarda a definição dos demais partidos do grupo e fica escondido na loca até ver que não há perigo em colocar a cabeça para fora.
No encontro desta quinta, seu primeiro movimento foi limpar o seu caminho. E isso ele fez 'detonando' o ex-deputado federal Camilo Cola (PMDB). O responsabilizou de ter colaborado a colocar no poder seu arquirrival Casteglione; deixou subentendido que Camilo não tem um posicionamento político fiel, já que apoiou o petista, em detrimento do ex-prefeito Roberto Valadão, de seu partido; revelou que Cola ofereceu apoio a ele; depois indicou o médico Abel Santana (PV); depois se lançou como pré-candidato; e depois... depois...
Enfim, dentro do PMDB, o principal nome que teria força para ser pré-candidato era o de Camilo. Por isso, a artilharia ferracista. O deputado, em outras palavras, quis dizer: "peemedebistas, como vocês irão escolher uma pessoa que os traiu em 2008; ofereceu apoio a mim, que sempre fui inimigo de vocês, e depois perambulou em inúmeros projetos incompatíveis aos do PMDB?".
Com Camilo fora, o outro a retirar de seu caminho é o ex-prefeito Zé Tasso (PMDB), que também quer ser o candidato a prefeito do partido. Mas, este, ele estaria cuidando na surdina, conforme os bastidores.
Ferraço não deixou claro seu posicionamento. Pelo contrário: às claras, disse que irá lançar o nome de Vera Maia na convenção do DEM que ocorrerá no próximo dia 10. Não há dúvida que o que ele quer é aguardar a definição de todos os partidos do grupo, para depois saber onde pisar. Enquanto isso, ele fica na sombra de Vera, coordenando o jogo e aguardando a hora certa da substituição.