terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Voos controlados


Antes do pleito de 2012 em Cachoeiro o PSB compôs a base aliada ao governo e participou da gestão ocupando cargos e secretaria. Também por isso, os petistas imaginavam que o apoio socialista à reeleição do prefeito Carlos Casteglione (PT) estava garantida. Porém, a negativa ao projeto governista, que circulava nos bastidores, foi o que aconteceu.

A revolta foi estrondosa, talvez com maior repercussão interna comparada a quando o senador Magno Malta (PR) rompeu com Casteglione ainda em 2009. Dentre as medidas, ocorreram as exonerações de todos aqueles que tinham o DNA socialista.

No mais, a indignação não voou para muito longe. E nem podia. No decorrer da campanha eleitoral, gritar contra o PSB, que tinha o vice na chapa do adversário Glauber Coelho (PR), seria o mesmo que agredir o governador Renato Casagrande (PSB) e provocá-lo a subir no palanque do republicano. Ou seja, para não ter as asas cortadas, foi necessário pousar logo após a decolagem.

Atualmente, os petistas dialogam com os partidos aliados para terminar a formação do secretariado. Ainda sem engolir a falta de apoio do PSB nas eleições passadas, o prefeito está decidido a não conversar com o diretório municipal socialista; no máximo, com o vereador eleito Fabrício do Zumbi (PSB). Contudo, será que Casteglione negaria um pedido de paz feito pelo governador?

Algo parecido podemos ver em âmbito estadual: o deputado Theodorico Ferraço (DEM), alvo da operação Derrama e de outros processos de improbidade administrativa, está prestes a ser reeleito presidente da Assembléia Legislativa com o apoio do (surtem!) PT.

Ferraço e PT sempre foram heterogêneos, como água e óleo. Da parte ferracista, os ataques ferrenhos sempre foram sua marca. Na derrota em 2008, o ex-prefeito ingressou na justiça para impedir a posse de Casteglione e depois para retirar o seu mandato. Em 2012, apoiou Glauber. Caso tivesse a oportunidade de atacar o PT na Assembleia não se furtaria.

Se realmente ainda existe ideologia nos partidos políticos (o que duvido) seria comum que a petista voasse, ao estilo kamikaze, de encontro à reeleição de Ferraço. Seria a oportunidade para expor à população capixaba que um político com a índole posta em dúvida pelo Tribunal de Contas, Polícia Civil e demais órgãos não poderia continuar conduzindo a Casa responsável por criar leis para o estado e fiscalizar o executivo.

Porém, a ‘ideologia’ petista nem mostrou as suas asas. Pelo contrário, renegou o passado de oposição a todas e quaisquer formas de coronelismo para apoiar o alvo de suas lutas. Agora pergunto: a troco de que? O que o partido ganharia apoiando Ferraço? Quem cortaria as asas do partido em caso de oposição à reeleição?

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Quatro partidos a serem contemplados


O prazo estipulado pelo prefeito de Cachoeiro, Carlos Casteglione (PT), para anunciar mais secretários em sua gestão é o dia 31 deste mês. Portanto, a qualquer momento ele pode dar posse aos novos nomes que ocuparão o primeiro escalão. Onze secretarias funcionam atualmente com interinos.

A este colunista, Casteglione, há pouco mais de uma semana, informou que os partidos contemplados, neste próximo momento, são PV, PTB, PDT e o PT. O petista foi reeleito dentro da coligação formada por PRB, PDT, PTB, PSL, PTN, PHS, PV, PRP, PSDB e PT do B.

Dos partidos elencados pelo prefeito, o que se encontra em situação mais confortável é o PV. Além de ter o vice-prefeito, Abel Santana, que também é secretário de Saúde, ganhará outra pasta e sem perder cadeira na Câmara Municipal, já que o suplente é do partido. Isso, claro, se o quadro escolhido for vereador.

Pelo PTB, o que se ouve nos bastidores é que o edil Neném Cadável pode assumir a Secretaria de Serviços Urbanos. Ao PT, ficaria a Secretaria de Desenvolvimento Social, e o mais cotado para chefiá-la seria o vereador Professor Leo. Caso ocorram essas alterações (Neném e Leo), o PT ficará com dois nomes na Casa de Leis: Elias do PT e Rizzo.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

‘Implosão’ estremece vida de ‘peão’


Há semanas na mira da justiça, através da operação Derrama, o deputado Theodorico Ferraço (DEM) demonstra sentir que desta vez a sua vida política pode correr sérios riscos. Tanto que, nos bastidores, a informação é de que ele já procurara o governador Renato Casagrande (PSB) e também o ex-governador Paulo Hartung (PMDB) possivelmente para ajudá-lo na questão, mas não tivera sucesso.

O demista entrou no olho do furacão após ser denunciado por seu cunhado Yamato Ayub, que foi secretário de Finanças da irmã Norma Ayub, ex-prefeita de Itapemirim.

No meio político, é de conhecimento geral a influência que Ferraço tinha na prefeitura de Itapemirim, principalmente na articulação com os vereadores locais. Ainda sem experiência administrativa, quando assumiu em 2004, era natural também que Norma viesse a receber instruções do marido, que carrega no currículo algumas passagens pelo executivo cachoeirense.

Mas, em depoimento ao Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas e à Corrupção (Nuroc), Ferraço preferiu afirmar que não era “chefão de prefeitura, era peão”. Com tal posicionamento, o deputado transfere toda e qualquer responsabilidade de uma possível irregularidade para a sua esposa.

Ao tentar ‘lavar as mãos’, a relação familiar – ora abalada pelo cunhado Yamato – pode chegar a níveis mais tensos contra Ferraço, se for o caso de Norma decidir responsabilizá-lo por aquilo que fora articulado pelo marido junto à empresa CMS Consultoria, conforme denúncia realizada.

Sozinho, Theodorico vive um dos momentos mais dramáticos de sua trajetória, já que pode colocar em risco a sua reeleição em 2014 e o seu capital político. Após uma provável queda, dificilmente aparecerá outro peemedebista para reerguê-lo como já ocorrera em Cachoeiro de Itapemirim.

A operação investiga esquema de fraudes na cobrança de tributos em oito municípios que tiveram contrato com a referida empresa; 31 pessoas foram presas.