O cenário político cachoeirense é
o mais acortinado do sul do estado, capaz até de deslegitimar cartomantes e
clarividentes de plantão. O único fato que é possível ver com clareza é que a
maioria dos partidos está preocupada com a eleição majoritária, fazendo parte
da base aliada ao atual governo ou não.
É legítimo que os partidos
desejem chegar ao poder, afinal, existem também para isso. Em sendo assim,
muitos incorporam o mascote do Flamengo e aguardam o bovino se entregar, sem
forças, à grama para atacar e voar soberano – com a barriga cheia.
No caso do PMDB, não há a
necessidade de ‘urubuzar’, uma vez que segue neste processo eleitoral de acordo
com a sua ótica; aliás, sob duas óticas. A primeira é a do presidente municipal
do partido, Camilo Cola; a segunda, é a do vice-presidente Roberto Valadão.
Temendo que o deputado estadual
Theodorico Ferraço (DEM) migrasse para o PMDB para ser o candidato, Camilo se
antecipou e lançou seu nome à prefeitura de Cachoeiro. Para complementar o
movimento e amarrar possíveis apoios, criou o grupo inicialmente chamado de ‘terceira
via’.
Engraçado é que o próprio PMDB
apoiou o nome de Camilo para levar adiante o projeto de candidatura própria. Hoje,
Camilo e Valadão buscam reforços, separadamente, para um tenso confronto nas trincheiras,
conhecidas como convenção partidária.
É sabido que a articulação de
Camilo não impedirá que Ferraço seja o candidato do PMDB, por exemplo, ou o
ex-prefeito José Tasso de Andrade. Da mesma forma, pode o seu grupo desistir do
projeto majoritário e apoiar a reeleição de Carlos Casteglione (PT), caso seja
o anseio popular. Como pode o deputado Glauber Coelho (PR) conquistar o apoio
dos partidos que sustentam os grupos de Cola e Valadão e o PMDB apenas seguir o
bloco.
A verdade é que esse racha no
PMDB pode prejudicar o sucesso nas eleições proporcionais. Afinal, em qual PMDB
os demais partidos irão depositar confiança para as coligações? Ao que tudo
indica, um projeto cairá por terra: ou o de Camilo ou de Valadão. A incerteza
pode afastar as siglas, a não ser que elas já tenham a certeza do fim.
Todos sabem que Valadão é
peemedebista histórico e tem o apoio da maioria que iniciou ainda no MDB. Curioso
é que nesta época áurea do MDB, o império do empresário Camilo Cola não era bem
visto por aqueles que lutaram contra a ditadura.
Uma vez no partido, Cola sempre
foi visto como o maior financiador de campanhas e companheiro para demais
assuntos financeiros. Neste junho que se aproxima, Cachoeiro irá saber se o
triunfo será do dinheiro ou da história.