quinta-feira, 19 de abril de 2012

O dinheiro contra a história

O maior partido de Cachoeiro de Itapemirim viu a sua derrota nas urnas no ano de 2008 ao não reeleger o seu prefeito e não emplacar nenhum vereador – fato inédito na história do PMDB. Na eleição de 2010, não conseguiu dar continuidade ao mandato de seu deputado federal. Para as eleições deste ano, sem unidade, uma câimbra pode travar um passo à frente.

O cenário político cachoeirense é o mais acortinado do sul do estado, capaz até de deslegitimar cartomantes e clarividentes de plantão. O único fato que é possível ver com clareza é que a maioria dos partidos está preocupada com a eleição majoritária, fazendo parte da base aliada ao atual governo ou não.

É legítimo que os partidos desejem chegar ao poder, afinal, existem também para isso. Em sendo assim, muitos incorporam o mascote do Flamengo e aguardam o bovino se entregar, sem forças, à grama para atacar e voar soberano – com a barriga cheia.

No caso do PMDB, não há a necessidade de ‘urubuzar’, uma vez que segue neste processo eleitoral de acordo com a sua ótica; aliás, sob duas óticas. A primeira é a do presidente municipal do partido, Camilo Cola; a segunda, é a do vice-presidente Roberto Valadão.

Temendo que o deputado estadual Theodorico Ferraço (DEM) migrasse para o PMDB para ser o candidato, Camilo se antecipou e lançou seu nome à prefeitura de Cachoeiro. Para complementar o movimento e amarrar possíveis apoios, criou o grupo inicialmente chamado de ‘terceira via’.

Engraçado é que o próprio PMDB apoiou o nome de Camilo para levar adiante o projeto de candidatura própria. Hoje, Camilo e Valadão buscam reforços, separadamente, para um tenso confronto nas trincheiras, conhecidas como convenção partidária.

É sabido que a articulação de Camilo não impedirá que Ferraço seja o candidato do PMDB, por exemplo, ou o ex-prefeito José Tasso de Andrade. Da mesma forma, pode o seu grupo desistir do projeto majoritário e apoiar a reeleição de Carlos Casteglione (PT), caso seja o anseio popular. Como pode o deputado Glauber Coelho (PR) conquistar o apoio dos partidos que sustentam os grupos de Cola e Valadão e o PMDB apenas seguir o bloco.

A verdade é que esse racha no PMDB pode prejudicar o sucesso nas eleições proporcionais. Afinal, em qual PMDB os demais partidos irão depositar confiança para as coligações? Ao que tudo indica, um projeto cairá por terra: ou o de Camilo ou de Valadão. A incerteza pode afastar as siglas, a não ser que elas já tenham a certeza do fim.

Todos sabem que Valadão é peemedebista histórico e tem o apoio da maioria que iniciou ainda no MDB. Curioso é que nesta época áurea do MDB, o império do empresário Camilo Cola não era bem visto por aqueles que lutaram contra a ditadura.

Uma vez no partido, Cola sempre foi visto como o maior financiador de campanhas e companheiro para demais assuntos financeiros. Neste junho que se aproxima, Cachoeiro irá saber se o triunfo será do dinheiro ou da história.