Muito foi dito que o
ex-governador Paulo Hartung (PMDB) e o atual Renato Casagrande (PSB) iriam
duelar nestas eleições municipais antecipando a disputa de 2014. Observando bem
a movimentação dos dois, passei a acreditar que a meta dessas duas lideranças
estaduais é manter sólida a chamada ‘unidade política’.
Esta unidade política foi arquitetada
por Hartung logo que se tornou líder na preferência dos eleitores capixabas e
ganhou o rótulo (por autointitulação) de ‘exterminador do crime organizado’.
Por sua destreza política, ele
foi matéria de uma página no jornal O Globo, sob o título de “O milagreiro”, já
que reuniu em seu grupo partidos heterogêneos, como PSDB, PT e DEM, por
exemplo. O mercado político capixaba entendeu que quem não estava com Hartung,
simplesmente estava fora do processo.
Este mesmo grupo, regido pela
batuta de Hartung, garantiu a eleição ao Senado de Renato Casagrande, a de
deputados federais, os mais de 1 milhão de votos ao hoje senador Ricardo
Ferraço (PMDB) e também o ingresso de Casagrande ao governo do Estado –
resguardados os méritos do socialista que desafiou o projeto hartunguiano que
abraça Ricardo.
Uma vez eleito, Casagrande também
há de querer as benesses garantidas por este grupo político. E isso também significa
não entrar em rota de colisão com Hartung, que mesmo sem o poder da caneta, tem
influência política semelhante a do governador. Basta ver as pesquisas de
intenção de voto feitas pelos municípios afora.
Nessas andanças e nas conversas
com agentes políticos, é possível perceber que Hartung e Casagrande dividiram o
estado em conjunto, viando fortalecer a unidade política. E como seria este
movimento?: nos municípios onde a disputa é acirrada, eles ficam em lado
opostos; quando os números apontam favoritismo, eles ficam juntos.
Vamos aos exemplos: em Cachoeiro
de Itapemirim, Casagrande pousou para foto com o candidato Glauber Coelho (PR)
e Hartung manifestou apoio ao candidato à reeleição Carlos Casteglione (PT). O mesmo
ocorre em Bom Jesus do Norte, onde há fotos do peemedebista com Pedro Chaves
(PMDB) e manifestação de apoio de Casagrande a Ubaldo Martins (PDT).
Em Itapemirim, onde a eleição
também é acirrada, Hartung está com Estevão (PMDB) e Casagrande com Dr.
Luciano. Em Mimoso, Casagrande está com Flávia Cysne (PSB) e Hartung tirou
fotos com ela e também com Giló (PMDB). Em Alegre, o socialista está com Zé
Guilherme (PSB) e Hartung com Paulo Lemos (PMDB).
O outro exemplo é o favoritismo. Em
Conceição do Castelo, números para consumo interno mostram que Saulinho (PSB)
dificilmente perde a eleição; Hartung o apoia e Casagrande o faz naturalmente,
já que são do mesmo partido. Zé Luiz (DEM), em Atílio Vivácqua, com 49% de
aceitação, tem o apoio das duas lideranças. Em Guaçuí, Vera Costa (PDT) tem a
simpatia dos dois.
A leitura deste movimento é de
que quem vencer as eleições não estará do lado de um e contra o outro, e sim
dentro do grupo. Quem assegura que Hartung não defenda a reeleição de
Casagrande em 2014? Ou que Casagrande desista da reeleição para apoiar Hartung
ou Ricardo? Claro que 2014 está longe, mas o que vejo hoje me leva a crer que
os passos dos dois (ou três – Ricardo) estão sincronizados, já que unidos eles
podem mais.