quinta-feira, 30 de junho de 2011

Mudança exige o mandato

Enquanto os cachoeirenses comemoravam nesta quarta (29) o feriado de São Pedro, padroeiro da cidade, os senadores aprovaram o projeto de lei que prevê a fidelidade partidária nos cargos proporcionais e majoritários. Ou seja, quem trocar de partido sem justa causa perderá o mandato.

Também foi aprovado um destaque sobre o projeto que acaba com a possibilidade de troca de legenda com a criação de um novo partido, no caso o PSD. A matéria seguirá para votação na Câmara dos Deputados.

Em Cachoeiro, as regras impostas até então causam impacto e precaução em, pelo menos, dois políticos. O impacto é para o deputado estadual Theodorico Ferraço (DEM), que se encontra isolado politicamente para disputar as eleições de 2012. Precaução para o vereador Luisinho Tereré (DEM), que estudava a possibilidade de mudar de sigla e tinha o PSD como opção.

Definitivamente, caso o projeto se torne lei, não há nada de interessante para Tereré sair do partido. Afinal, ele teria até setembro deste ano para mudar de partido e dessa data até o dia 7 de outubro de 2012 para fazer campanha para a reeleição na Câmara Municipal, porém sem mandato.

Para Ferraço, parece aumentar a sua desistência em concorrer ao pleito próximo. Além de perder o mandato e a visibilidade, consequentemente, (se é que, na minha opinião, sua imagem não o faz depender de vitrine) ele sangra com a condenação por improbidade administrativa, que o torna inelegível – a depender do vigor da lei da Ficha Limpa para as eleições seguintes. (confira: http://www.atenasnoticias.com.br/site/conteudo.asp?codigo=19847).


terça-feira, 21 de junho de 2011

Ferraço pode desconfigurar terceira via

A parceria ofertada pelo deputado estadual Theodorico Ferraço (DEM) ao PMDB na última semana visando as eleições de 2012 pode resultar em sérios danos. Primeiro, irá agravar o racha que há dentro da sigla; segundo, poderá pôr fim à ideia de terceira via; terceiro, poderá fortalecer o adversário. Vamos às explicações.

O PMDB atualmente vive um racha em Cachoeiro de Itapemirim. Existem os membros que são a favor do ingresso de Ferraço no partido, vendo a filiação como a única forma da sigla retornar ao poder. Do outro lado, há aqueles que não admitem a conquista do poder a qualquer preço.

Como é público e notório, Ferraço e PMDB são inimigos históricos, cujos combates já alvejaram inúmeras denúncias de corrupção. Como agora aceitar na mesma casa um político que sempre foi rotulado, por eles, como corrupto? Qual a razão para aceitar uma pessoa que sempre simbolizou (também para eles) a corrupção?

Já a terceira via articulada em Cachoeiro, que une lideranças do PSB, PDT, PV e PMDB, pode deixar de existir. Na verdade, o grupo pode permanecer, porém não haverá como nutrir a concepção do nome. Isso porque a terceira via nascia entre as opções de voto de Ferraço e do prefeito Carlos Casteglione (PT). Com Ferraço no grupo, a '3ª via' polariza com Casteglione.

Embora essa terceira via cachoeirense funcione como uma espécie de cooperativa política, onde cada integrante tem o mesmo peso, sabemos que o mentor é o deputado federal Camilo Cola, que encabeça a resistência contra Ferraço no PMDB.

Vale ressaltar que esse destaque de Camilo no grupo formado recentemente é devido à sua natural liderança, baseada em sua importância histórica. Em sendo assim, Camilo representa um projeto do PMDB, já que é o presidente do partido.

A meta da terceira via é discutir metas para o desenvolvimento de Cachoeiro e escolher um nome, em consenso, para disputar as eleições. Neste caso, o ingresso de Ferraço no PMDB ou no grupo tem uma vantagem: os 40 mil votos que são dele.

Porém, há um ponto a ser analisado nessa questão. Não há dúvida que Ferraço tem 40 mil eleitores fieis. Mas, a fidelidade só existe quando ele é o candidato. Esses mesmos eleitores se sentem livres de compromisso quando é outro candidato que está no páreo. 

Exemplo claro disso são as eleições de 2004, quando Ferraço pediu voto para Jathir Moreira, na época no PTB. Jathir obteve 27.853 sufrágios e perdeu o pleito para Roberto Valadão (PMDB), que teve 41.795. Ou seja, Ferraço transferiu pouco ou quase nada dos votos de seu amplo capital político. E é muito provável que ele não seja candidato devido à problemas judiciais.

E tem outro agravante. Um grupo com Ferraço a bordo irá passar aos cachoeirenses a ideia de que para derrotar Casteglione é necessário juntar as maiores lideranças locais. O que seria uma disputa sem grandes dificuldades, por conta da última avaliação divulgada sobre a administração petista, se transformará numa arquitetura incoerente politicamente – no ponto de vista ideológico – que só fortalecerá o projeto de reeleição de Casteglione.

Estando no mesmo barco Camilo, Valadão, Ferraço e o senador Magno Malta (PR), Casteglione sairá como vítima no processo eleitoral. O grupo será uma espécie de ‘Bonde do Itabira’, que, sem freio ou não, correrá o risco de sair dos trilhos, também por representar o ‘velho ao quadrado’. A vitória não passará de obrigação; a derrota eleverá o PT a uma segunda vitória histórica no município.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Portas se fechando

As articulações recentes entre os principais partidos cachoeirenses deixam subentendido que as portas estão se fechando para o PT local. Nos bastidores, o aviso é que em outubro deste ano as siglas que hoje sustentam a base aliada ao governo sairão em debandada. A pergunta é: o que os petistas estão fazendo para não cair no isolamento?

Mesmo com a máquina nas mãos e um volume de obras vistoso, o governo ainda não é sedutor, vide o comportamento e iniciativas das lideranças. Parece que as alianças administrativas junto às siglas não saem desse patamar. Assim, quando resolverem discutir política, cada agremiação já terá a sua acomodação.

Como bem levantado pelo jornalista Ilauro Oliveira, a eleição do atual prefeito Carlos Casteglione (PT) instaurou nova era em Cachoeiro, onde os eleitores dificilmente irão optar por lideranças do passado. O novo ainda será o foco dos cachoeirenses; a Casteglione resta provar que é o novo desejado.

Para não desistir da reeleição e vir a apoiar um projeto que não é seu, o PT local tem que continuar conversando, porém colocando na mesa projetos futuros e não apenas a velha forma governista para conquistar a famosa coalizão.

Tendo no partido uma presidente, ministra, senadora, vice-governador e deputados, é evidente a força da sigla, o que falta é saber utilizar esse conjunto. Caso contrário, terá que perdir permissão e aceitar as condições para entrar em outro grupo.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Claudia Lemos é nomeada no Estado


A ex-vereadora e pré-candidata a prefeita de Cachoeiro, Claudia Lemos (PSB), foi nomeada ontem (6) no governo do Estado. Ela vai ocupar a função de gerente de projetos na Secretaria Estadual de Esportes.

O governador Renato Casagrandde (PSB) tem investido em seus correligionários, talvez seguindo a proposta de seu partido, que pretende ter candidatos fortes em todos os municípios.

Em Castelo, por exemplo, a sigla aposta em Jair Ferraço (PSB), que ocupou recentemente a Superintendência Regional de Saúde, substituindo Jathir Moreira. Em Muqui, o Frei Paulão (PSB) deve ser a aposta do partido. Paulão é secretário estadual de Cultura.

Já a Flávia Cysne (PSB) estava nomeada na subsecretaria estadual de Turismo. Porém, na sexta (3) ela foi exonerada e nomeada no cargo de Assessor Especial Nível I, da vice governadoria. O intuito também pode ser o fortalecimento de Flávia no embate em Mimoso do Sul contra o atual prefeito Giló.

Embora a vaga ocupada por Claudia não tenha o status de secretário, faz parte do terceiro escalão do governo e lhe dá voz diante dos pleitos do sul do estado e, principalmente, de Cachoeiro.  Seguindo a linha socialista empregada, tudo leva a crer que a pré-candidatura de Claudia Lemos na capital secreta também passa por Casagrande.

Debater é preciso, sempre!

Excelente a realização de audiência pública para debater o projeto de lei que reformula a estrutura da Agersa, em Cachoeiro. Apesar de o diretor já ter ido uma vez à Câmara Municipal para explicar a proposta – quando muitos vereadores estavam distantes de suas cadeiras -, é sempre importante discutir todos os detalhes para ‘digerir’ melhor o que se pretende alcançar e, por fim, todos os parlamentares terem a certeza daquilo que estão votando.

E não é apenas o projeto da Agersa que deve ser discutido; existem outros temas a se debater e muitos que não chegaram ao conhecimento público. Há pouco tempo, levantei a questão do aumento do número de vereadores de 13 para 21. Para não ser uma alteração apenas de interesse partidário para emplacar mais filiados ou garantir a reeleição, vamos também convidar a sociedade para audiência pública e ver se ela quer mais representantes na Câmara.

No próximo ano, os vereadores, certamente, votarão o reajuste salarial dos edis. A remuneração passará para vultuosos R$ 10 mil. Certo que a alteração salarial é juridicamente legal, por acompanhar proporcionalmente o salário dos deputados estaduais; porém, em audiência pública, a população pode considerar imoral ou apontar essa diferença para outros fins.

Será que a população aceitará o aumento salarial dos vereadores? Por que esse tipo de projeto só é votado em dezembro ou fevereiro? Como representantes do povo, o cidadão cachoeirense não pode ser privado desse debater.

A Câmara Municipal tem que estar mais perto dos cachoeirenses, que pouco conhecem os trabalhos da Casa de Leis. E isso se faz também com debates. Caso contrário, pode parecer o que sempre dizem por aí, que vereador e partidos só pensam em cargos.

Um exemplo que sustenta esse tipo de comentário foi a cobrança do Ministério Público, em 2010, para a prefeitura local exonerar centenas de comissionados e preencher as vagas através de concurso público. Quando muitos pensaram que a câmara faria coro com o MP, o que se viu foi exatamente o contrário: até oposicionista se dispôs a ajudar o prefeito Carlos Casteglione (PT). Fica subtendida apenas uma coisa: edis iriam perder seus indicados no governo.

Para que esse tipo de mentira não seja dito mil vezes e acabe por se tornar verdade, vamos debater todos os projetos do executivo e da Casa, se possível junto com a população. E não somente aqueles que também dispõem sobre a criação de cargos.


(Texto publicado no jornal Aqui Notícias na edição desta terça-feira (7)

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Vice de escudo

Em meio à repressão policial contra a manifestação dos estudantes em Vitória, tendo como mote o preço da tarifa do transporte coletivo, o governador Renato Casagrande (PSB) pouco se manifestou. Na verdade, o fez usando o seu vice-governador Givaldo Vieira (PT), talvez na tentativa de filtrar o ônus político da ordem à Polícia Militar.

Pra que serve o vice? Na lei, somente para substituir o titular quando este se ausentar. Mas, para governantes mais antenados, a utilidade do vice é mais ampla. Há aqueles que lhe atribuem uma função, no comando de uma secretaria.

Os mais sabidos seguem outra tendência. Quando há a apreciação de algum projeto polêmico para sansão, há titulares que programam viagem e transferem a responsabilidade para o vice, garantindo a lavagem de mãos quando um escândalo vier a tona.

No caso do combate ao protesto em Vitória – que levou a capital ao cenário da época da ditadura militar -, o vice-governador foi usado como escudo do governador. Neste caso, a leitura pode ser ainda maior: um freio no poder de articulação de Givaldo visando as eleições de 2012. Vieira é o presidente estadual do PT.

Vejo que a medida mais coerente e natural do governo do Estado seria colocar o secretário estadual de Segurança Pública e Defesa Social, Henrique Herkenhoff, para discorrer sobre o enfrentamento militar. Mas, até esse foi poupado.

Certamente, Givaldo já deve ter a sua foto pendurada na ‘parede da revolta’ da juventude capixaba. No entanto, o público estudantil não é carente de informações, nem de inteligência. E sabe claramente que um vice não tomaria qualquer decisão sem consultar previamente o titular, ainda mais estando este em pleno exercício.

Tenho que sublinhar um detalhe que não pode passar despercebido: nas eleições de 2010, a juventude do estado, lê-se de 18 aos 34 anos, somou 1.032.948 de eleitores dentro de um eleitorado de 2.523.185. Ou seja, os jovens representam quase que a metade do eleitorado capixaba. Ah, os pais desses jovens também não ficaram nada satisfeitos.

Crédito da foto: Carlos Alberto Silva - GZ