O momento vivido pela Câmara
Municipal de Cachoeiro de Itapemirim é, mais uma vez, crítico. E a gravidade da
situação, que salta aos olhos, exige responsabilidade extrema no trato com as
informações relacionadas aos casos de corrupção denunciados.
Em meio a tantas acusações,
existe também a probabilidade de haver inocentes, que não podem ter suas
reputações manchadas, assim como a de suas famílias. Tal cuidado com as
abordagens e trato deve haver também com o próprio Ministério Público.
Mas, a real motivação deste texto
é em relação ao discurso do presidente da Câmara Municipal, Júlio Ferrare (PV),
na sessão de terça-feira (29/10). Ele disse em alto e bom som que mais
problemas virão e que o que vimos até então é apenas a ponta do iceberg.
Caso ele tenha feito avaliação
prévia, deveria ter optado pelo silêncio ao invés de dar tal declaração. Não que
eu esperasse palavras de esperança ou de que tudo não passou de um grande mal-entendido.
Não é isso. O que todos esperam é a verdade absoluta diante do que ocorreu, e
não profecias ou posicionamento do tipo: sei, mas não vou contar.
Afinal de contas, se Júlio sabe
de algo, como demonstrou saber, tem o dever de tornar público, já que é o
presidente daquela Casa, hoje, assombrada.
Poderia ter utilizado o microfone
do plenário para discorrer sobre todas as mazelas que irão deixar “muitas
pessoas à flor da pele” e, logo, informar o encaminhamento das suspeitas aos
órgãos competentes, que já investigam.
E, pensando bem, tornar pública
esta suspeita poderia lhe aproximar da leviandade – seria melhor somente
encaminhar o ‘fato novo’ ao Ministério Público.
Infelizmente, o discurso feito na
última sessão por Júlio não teve nenhuma finalidade funcional; na verdade, era inflamado de efeito reverso. Poderia ele
aguardar o desfecho dos trabalhos do MP, como todos nós, colaborando como
pudesse.