É comum nos dias atuais
presenciar pessoas da classe média ou ricas reclamarem da demora no agendamento
e/ou atendimento na saúde, mesmo pagando o plano.
Talvez, do frescor do ar
condicionado, que ameniza um pouco a ira - que se extinguirá minutos depois (assim
que chega a sua vez)-, alguns confundam as cenas de pacientes, que têm o chão
como leito, com episódios de seriados de guerra; e deixa a realidade, que não é
dela, aonde quer que seja. Vida que segue.
Enquanto isso, milhares de
brasileiros sofrem por falta de médicos. Não precisamos ir para muito longe. Em
Cachoeiro mesmo, há pouquíssimo tempo, houve um surto no sistema de saúde por
causa da falta de profissionais. Não sei se todos lembram, mas o problema
principal era o valor do salário.
O próprio secretário de Saúde,
Abel Santana, chegou a denunciar que alguns médicos deixavam de atender para
fumar no pátio do ‘Paulo Pereira’ e, outros, faziam ‘corpo mole’. A questão só
foi, em partes, solucionada quando a prefeitura aumentou o valor pago pelo
plantão.
Ou seja, se não houvesse a
majoração no salário a quantidade de médicos seria menor e a cidade continuaria
não sendo atrativa (financeiramente falando, é óbvio) para profissionais de outros
municípios e estados. Com isso, mais mortes ocorreriam, caso não fechassem as
portas do pronto atendimento.
Nos postos de saúde de Cachoeiro,
ainda se ouve reclamações contra os médicos; uns protestam sobre mau
atendimento, outros de faltas ou de clínicos que vão embora muito antes do fim
do expediente, e por aí vai...
Não é atoa que Cachoeiro também
aderiu ao programa Mais Médicos, solicitando 20 médicos estrangeiros ou com
formação fora do país. Caso o governo federal defira o pedido, esses
profissionais certamente irão substituir aqueles que deixam a desejar nas unidades
de saúde dos bairros, além, é claro, de suprir onde necessita (na verdade, a
finalidade é mesma).
Hoje, para uma cobertura de 100%
nas equipes de atenção básica de saúde em Cachoeiro faltam dois médicos. Porém,
há bairros que precisam de mais de um na equipe, como no Village da Luz e
Zumbi, este último já carece de três médicos para atender a demanda.
Se não vier de Cuba, Argentina ou
de qualquer outro país, de onde virão os médicos que Cachoeiro precisa? De
Vitória? Irão aceitar receber menos e ficarem distantes de seus consultórios? Do
Rio de Janeiro? Minas Gerais? Cachoeiro tem estrutura financeira para se bancar
neste ‘leilão’ para conseguir médicos?
Está mais que claro que a
contratação de médicos estrangeiros é para garantir o atendimento de saúde nos
municípios que não têm atrativos (cifrões) para boa parte dos profissionais brasileiros. Certo que a falta de estrutura também é avaliada, porém não é o que mais pesa na decisão, considerando que a carência de equipamentos e maquinários é realidade em todas as regiões do país.
Já que nunca houve o interesse em
trabalhar nesses quinhões, por que a revolta contra aqueles que deixam a sua
pátria para servir os necessitados de outra? Por que agredir um estrangeiro que
quer salvar uma pessoa que jamais será assistida por um médico brasileiro?
Crédito da foto: Pragmatismo Político
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