sexta-feira, 4 de março de 2011

Magno Malta em maus lençóis


Conforme veículo de comunicação de Cachoeiro, o senador evangélico Magno Malta (PR) teria ficado constrangido ao saber que a prefeitura realizou evento em um centro espírita a partir de emenda parlamentar destinada pelo republicano. O recurso foi aplicado em construção de escadaria no bairro Zumbi e a cerimônia foi realizada em local de oração de pessoas que mantêm viva a religiosidade africana.

Ainda não é sabido se o senador realmente manifestou tal intolerância religiosa. Mas, são de notória publicidade os seus discursos carregados de homofobia (http://www.youtube.com/watch?v=6JkLD4KERDk) e o seu recente conflito com a igreja católica.

Desta vez, caso seja verdade, Magno levou a segregação ao altar dos broncos e tentou macular parte da tradição negra que ainda resiste em Cachoeiro. Raízes essa que sustentam a sua própria origem e a da maioria dos brasileiros.

É de extrema intolerância intelectual alguém achar que qualquer outra religião, que não seja a sua, é associada ao diabo (que só existe para poucos religiosos). Inclusive, quando a questão são as religiões provenientes da mãe África, fica nítida a influência do preconceito racial. Além dos negros não terem a sua cultura preservada nas escolas, nas ruas o que se vê é uma milícia de tolos babilônicos tentando erradicar com o que resiste.

No dia 10 de março, a partir das 19h30, na praça Jerônimo Monteiro, também estarei na manifestação popular contra a intolerância religiosa. E como o senador Magno Malta foi convidado a ir, espero vê-lo por lá; afinal esse protesto é de cidadãos de Cachoeiro – seu reduto eleitoral. Segue a carta pública ao senador Magno Malta escrita por dona Isolina, responsável pelo Centro Espírita Menino Jesus.


Carta pública ao senador Magno Malta

Exmo. Sr. Senador Magno Malta,
 
Fiquei muito triste com o que li na Folha do E. Santo do último dia 3 de março. A principal matéria do jornal, sobre ordem de serviço para construção de uma escadaria no bairro Zumbi, foi extremamente desrespeitosa comigo e com minha crença.

A ordem foi dada pelo prefeito Casteglione no Centro Espírita Menino Jesus, espaço pelo qual sou responsável, porque lá também estava sendo inaugurada a Biblioteca Comunitária do bairro.

Mas, de acordo com o jornal, a ordem de serviço teria sido dada num “centro de macumba” só para constranger o senhor, que é evangélico e que conseguiu os recursos para a obra, por meio de emenda parlamentar. 

Daí, eu pergunto ao Senador: esse fato constrange o senhor?

Doeu-me o coração pensar que sim, como o jornal sugere. Por isso, venho a público fazer essa pergunta, já que não posso ignorar que o Estado é laico e que a intolerância religiosa não pode ser defendida por um representante do povo, como é o senhor.

Só sei, Senador, que o que era uma ótima notícia para os moradores do Zumbi – a escadaria é esperada há anos pela comunidade - foi transformada num ato de preconceito religioso. Podemos admitir isso?

E que fique claro que o desrespeito não foi apenas a mim, mas a toda e qualquer pessoa que, segundo a Constituição de nosso país, tem a liberdade de escolher a religião que quer seguir.

Graças a Deus vivemos num país democrático.

Como repúdio a esse ato de intolerância religiosa, realizaremos na próxima quinta feira, dia 10 de março às 19h30min na Praça Jerônimo Monteiro, uma manifestação pública. Aproveitamos a oportunidade para convidá-lo para que se junte a nós.

Cordialmente,
Niecina Ferreira de Paula Silva (a Dona Isolina)

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