quarta-feira, 17 de agosto de 2011

E a representatividade?


Em épocas de eleição estadual e nacional o que mais se ouve falar em todos os cantos é a palavra representatividade. Quase toda semana existem palestras, conferências e matérias em jornais sublinhando a importância de votar em políticos da região, para que assim os municípios não fiquem de fora de projetos e pleitos parlamentares junto aos governos estadual e federal.

Certo que ultimamente o eleitorado sulino não tem mostrado tanto comprometimento com o voto regional, da mesma forma como os partidos dificultam a concretização da questão ao lançar um batalhão de candidatos.

Afirmo que a cada biênio vejo com pessimismo o voto regional, principalmente no ponto de vista da classe política. Explico: logo que um político local se elege deputado estadual, por exemplo, dois anos depois ele abandona o discurso da representatividade e já quer se dedicar às eleições municipais. E a promessa do comprometimento com a região? Era para um ‘mandato’ de apenas dois anos?

O exercício da política não deve ser comparado à escalada na carreira profissional. Tem que haver dedicação parlamentar para a angariação de recursos aos municípios, além do direito às emendas individuais. As cidades sulinas precisam de projetos desenvolvimentistas, novas empresas e indústrias, e estrutura para acomodar essa realidade.

É sabido que um prefeito só não faz verão. Os municípios do norte do estado e os metropolitanos estão ‘anos luz’ à frente do sul principalmente por conta da ampla representação política que têm na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados. Sem dúvida, serão beneficiadas no Orçamento Anual as regiões que têm mais representantes para pressionar o executivo.

Neste mandato, dos 30 deputados estaduais apenas dois têm reduto eleitoral no sul do estado: Theodorico Ferraço (DEM) e Glauber Coelho (PR). No entanto, os dois são cogitados para disputar a prefeitura de Cachoeiro em 2012. Caso um vença no próximo pleito, o sul perde. Na Câmara dos Deputados, embora o mandato seja da ministra Iriny Lopes (PT), temos somente o deputado Camilo Cola (PMDB), que também é pré-candidato em Cachoeiro.

Percebe-se claramente o quanto as eleições de dois em dois anos, somadas ao interesse de sempre concorrer dos políticos, prejudicam a continuidade do trabalho parlamentar ou executivo. E também inviabilizam a formação de uma unidade política em benefício a Cachoeiro e, consequentemente, ao sul do estado.

Com os números atuais e considerando a ascensão do capital político de alguns personagens da região, é possível crer que em 2014 tenhamos, no mínimo, dois deputados federais eleitos pelo sul. Para isso, a causa da representatividade tem que sobressair às pretensões particulares. 

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