Antes do pleito de 2012 em
Cachoeiro o PSB compôs a base aliada ao governo e participou da gestão ocupando
cargos e secretaria. Também por isso, os petistas imaginavam que o apoio
socialista à reeleição do prefeito Carlos Casteglione (PT) estava garantida. Porém,
a negativa ao projeto governista, que circulava nos bastidores, foi o que
aconteceu.
A revolta foi estrondosa, talvez
com maior repercussão interna comparada a quando o senador Magno Malta (PR)
rompeu com Casteglione ainda em 2009. Dentre as medidas, ocorreram as
exonerações de todos aqueles que tinham o DNA socialista.
No mais, a indignação não voou
para muito longe. E nem podia. No decorrer da campanha eleitoral, gritar contra
o PSB, que tinha o vice na chapa do adversário Glauber Coelho (PR), seria o
mesmo que agredir o governador Renato Casagrande (PSB) e provocá-lo a subir no
palanque do republicano. Ou seja, para não ter as asas cortadas, foi necessário
pousar logo após a decolagem.
Atualmente, os petistas dialogam
com os partidos aliados para terminar a formação do secretariado. Ainda sem
engolir a falta de apoio do PSB nas eleições passadas, o prefeito está decidido
a não conversar com o diretório municipal socialista; no máximo, com o vereador
eleito Fabrício do Zumbi (PSB). Contudo, será que Casteglione negaria um pedido
de paz feito pelo governador?
Algo parecido podemos ver em
âmbito estadual: o deputado Theodorico Ferraço (DEM), alvo da operação Derrama
e de outros processos de improbidade administrativa, está prestes a ser
reeleito presidente da Assembléia Legislativa com o apoio do (surtem!) PT.
Ferraço e PT sempre foram heterogêneos,
como água e óleo. Da parte ferracista, os ataques ferrenhos sempre foram sua
marca. Na derrota em 2008, o ex-prefeito ingressou na justiça para impedir a
posse de Casteglione e depois para retirar o seu mandato. Em 2012, apoiou
Glauber. Caso tivesse a oportunidade de atacar o PT na Assembleia não se
furtaria.
Se realmente ainda existe
ideologia nos partidos políticos (o que duvido) seria comum que a petista
voasse, ao estilo kamikaze, de encontro à reeleição de Ferraço. Seria a
oportunidade para expor à população capixaba que um político com a índole posta
em dúvida pelo Tribunal de Contas, Polícia Civil e demais órgãos não poderia
continuar conduzindo a Casa responsável por criar leis para o estado e
fiscalizar o executivo.
Porém, a ‘ideologia’ petista nem mostrou
as suas asas. Pelo contrário, renegou o passado de oposição a todas e quaisquer
formas de coronelismo para apoiar o alvo de suas lutas. Agora pergunto: a troco
de que? O que o partido ganharia apoiando Ferraço? Quem cortaria as asas do
partido em caso de oposição à reeleição?
Interessante esse sua sincronia entre a problemática do posicionamento dos partidos no universo municipal com o âmbito estadual.
ResponderExcluirCada vez mais está claro o poderio do PSB no ES, e essa reeleição de Ferraço para presidente da ALES é prova disso, já que o governador deu as bênçãos desde o começo.
Aliás, esse é outro posicionamento intrigante além dos que você citou. Um dia Ferraço + governador = guerra; de repente amor.