sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Em nome da unidade


Muito foi dito que o ex-governador Paulo Hartung (PMDB) e o atual Renato Casagrande (PSB) iriam duelar nestas eleições municipais antecipando a disputa de 2014. Observando bem a movimentação dos dois, passei a acreditar que a meta dessas duas lideranças estaduais é manter sólida a chamada ‘unidade política’.

Esta unidade política foi arquitetada por Hartung logo que se tornou líder na preferência dos eleitores capixabas e ganhou o rótulo (por autointitulação) de ‘exterminador do crime organizado’.

Por sua destreza política, ele foi matéria de uma página no jornal O Globo, sob o título de “O milagreiro”, já que reuniu em seu grupo partidos heterogêneos, como PSDB, PT e DEM, por exemplo. O mercado político capixaba entendeu que quem não estava com Hartung, simplesmente estava fora do processo.

Este mesmo grupo, regido pela batuta de Hartung, garantiu a eleição ao Senado de Renato Casagrande, a de deputados federais, os mais de 1 milhão de votos ao hoje senador Ricardo Ferraço (PMDB) e também o ingresso de Casagrande ao governo do Estado – resguardados os méritos do socialista que desafiou o projeto hartunguiano que abraça Ricardo.

Uma vez eleito, Casagrande também há de querer as benesses garantidas por este grupo político. E isso também significa não entrar em rota de colisão com Hartung, que mesmo sem o poder da caneta, tem influência política semelhante a do governador. Basta ver as pesquisas de intenção de voto feitas pelos municípios afora.

Nessas andanças e nas conversas com agentes políticos, é possível perceber que Hartung e Casagrande dividiram o estado em conjunto, viando fortalecer a unidade política. E como seria este movimento?: nos municípios onde a disputa é acirrada, eles ficam em lado opostos; quando os números apontam favoritismo, eles ficam juntos.

Vamos aos exemplos: em Cachoeiro de Itapemirim, Casagrande pousou para foto com o candidato Glauber Coelho (PR) e Hartung manifestou apoio ao candidato à reeleição Carlos Casteglione (PT). O mesmo ocorre em Bom Jesus do Norte, onde há fotos do peemedebista com Pedro Chaves (PMDB) e manifestação de apoio de Casagrande a Ubaldo Martins (PDT).

Em Itapemirim, onde a eleição também é acirrada, Hartung está com Estevão (PMDB) e Casagrande com Dr. Luciano. Em Mimoso, Casagrande está com Flávia Cysne (PSB) e Hartung tirou fotos com ela e também com Giló (PMDB). Em Alegre, o socialista está com Zé Guilherme (PSB) e Hartung com Paulo Lemos (PMDB).

O outro exemplo é o favoritismo. Em Conceição do Castelo, números para consumo interno mostram que Saulinho (PSB) dificilmente perde a eleição; Hartung o apoia e Casagrande o faz naturalmente, já que são do mesmo partido. Zé Luiz (DEM), em Atílio Vivácqua, com 49% de aceitação, tem o apoio das duas lideranças. Em Guaçuí, Vera Costa (PDT) tem a simpatia dos dois.

A leitura deste movimento é de que quem vencer as eleições não estará do lado de um e contra o outro, e sim dentro do grupo. Quem assegura que Hartung não defenda a reeleição de Casagrande em 2014? Ou que Casagrande desista da reeleição para apoiar Hartung ou Ricardo? Claro que 2014 está longe, mas o que vejo hoje me leva a crer que os passos dos dois (ou três – Ricardo) estão sincronizados, já que unidos eles podem mais.

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