Escrevi nesta segunda-feira
(03/09) que o apoio do ex-governador Paulo Hartung (PMDB) ao candidato à
reeleição em Cachoeiro, Carlos Casteglione (PT), era um mau sinal para o
candidato Glauber Coelho (PR). No entanto, tudo indica que há mais coisas
contidas nas entrelinhas da recente movimentação política.
A noite deste dia 3 de setembro
completa mais um capítulo relevante da história política eleitoral de
Cachoeiro. A campanha petista conseguiu a adesão de Hartung, em meio a um
Unimed Hall, no Shopping Sul, tomado por mais de 1,5 mil pessoas que pagaram
para participar do evento.
Hartung enalteceu a gestão
petista e registrou que Casteglione “arrumou a casa”, sem a preocupação de ter
sido a administração anterior conduzida por Roberto Valadão, de seu partido, e
hoje apoiador de Glauber.
Antes do jantar de adesão, o
ex-governador concedeu entrevista coletiva e desmentiu Coelho sobre seu apoio à
sua campanha. Fez questão de falar em alto e bom som que “quem acredita no
trabalho de Hartung vota em Casteglione”.
No palco repleto de lideranças
políticas, o vice-governador Givaldo Vieira (PT) informou aos presentes que o
governador Renato Casagrande (PSB) é parceiro do prefeito Casteglione e que
também apoia o seu projeto de reeleição. Detalhe: PMDB e PSB estão na coligação
do republicano. Será que Coelho entrará na justiça alegando infidelidade contra
os dois?
Agora vamos às entrelinhas: num
único movimento, Hartung age para tirar espaço de Magno Malta (PR); acalma os
ânimos da candidata à prefeita de Vitória, Iriny Lopes (PT); atende ao deputado
Theodorico Ferraço (DEM) em Itapemirim; castiga o PMDB local e caminha de mãos
dadas com Casagrande.
Nos bastidores, sempre houve o
entendimento de que a prioridade de Ferraço é a prefeitura de Itapemirim, onde
apoia a candidatura de Estevão (PMDB), que prega a continuidade das ações da
prefeita Norma Ayub (DEM), esposa de Ferraço. Se a sua preferência fosse por
Cachoeiro, ele seria candidato. Hartung já o apoia lá, e outra movimentação
surpreendente no litoral irá favorecer o deputado, que pode abrir mão das
eleições cachoeirenses (se já não fez).
As três maiores lideranças políticas
do estado atualmente, sem dúvida, são Hartung, Casagrande e o senador Ricardo
Ferraço (PMDB). O único que pode ameaçar a hegemonia do trio é o senador Magno.
Individualista, ele continua sendo o alvo; vide Cachoeiro, e poderemos ver
também em Vila Velha.
Com o fim do Fundap, o
ex-governador tentou jogar o ônus para o PT. Sabiamente, Iriny rebateu e
colocou na conta do peemedebista, alegando que ele sabia do fim do incentivo financeiro
e não preparou o Estado para tal momento. Após abraçar a reeleição de
Casteglione, não será surpresa caso a petista esqueça Hartung neste processo
eleitoral.
Outro ponto: muitos acreditam que
Casagrande e Hartung estão em rota de colisão, por causa das eleições de 2014
para governador. Simplesmente, não acredito. Afinal, juntos (soma-se Ricardo),
eles são praticamente imbatíveis, pelo menos nos próximos 20 anos. O máximo que
pode ocorrer é uma disputa interna para saber de quem será a batuta.
Finalizando, mais uma vez o
momento favorece o PT, como ocorreu em 2008. Claro que ainda resta um mês para
as eleições, e o apoio de Hartung por si só não define o pleito, é preciso
continuar trabalhando. Mas, a verdade, é que fica difícil imaginar se há algum
coelho para o republicano tirar da cartola; ainda mais com as denúncias que
tendem a ‘pipocar’ no Ministério dos Transportes.
Mais um sábio e culto entendimento da realidade que vos cerca!!
ResponderExcluirMandou muito bem!