terça-feira, 4 de setembro de 2012

Movimento é maior do que parece


Escrevi nesta segunda-feira (03/09) que o apoio do ex-governador Paulo Hartung (PMDB) ao candidato à reeleição em Cachoeiro, Carlos Casteglione (PT), era um mau sinal para o candidato Glauber Coelho (PR). No entanto, tudo indica que há mais coisas contidas nas entrelinhas da recente movimentação política.

A noite deste dia 3 de setembro completa mais um capítulo relevante da história política eleitoral de Cachoeiro. A campanha petista conseguiu a adesão de Hartung, em meio a um Unimed Hall, no Shopping Sul, tomado por mais de 1,5 mil pessoas que pagaram para participar do evento.

Hartung enalteceu a gestão petista e registrou que Casteglione “arrumou a casa”, sem a preocupação de ter sido a administração anterior conduzida por Roberto Valadão, de seu partido, e hoje apoiador de Glauber.

Antes do jantar de adesão, o ex-governador concedeu entrevista coletiva e desmentiu Coelho sobre seu apoio à sua campanha. Fez questão de falar em alto e bom som que “quem acredita no trabalho de Hartung vota em Casteglione”.

No palco repleto de lideranças políticas, o vice-governador Givaldo Vieira (PT) informou aos presentes que o governador Renato Casagrande (PSB) é parceiro do prefeito Casteglione e que também apoia o seu projeto de reeleição. Detalhe: PMDB e PSB estão na coligação do republicano. Será que Coelho entrará na justiça alegando infidelidade contra os dois?

Agora vamos às entrelinhas: num único movimento, Hartung age para tirar espaço de Magno Malta (PR); acalma os ânimos da candidata à prefeita de Vitória, Iriny Lopes (PT); atende ao deputado Theodorico Ferraço (DEM) em Itapemirim; castiga o PMDB local e caminha de mãos dadas com Casagrande.

Nos bastidores, sempre houve o entendimento de que a prioridade de Ferraço é a prefeitura de Itapemirim, onde apoia a candidatura de Estevão (PMDB), que prega a continuidade das ações da prefeita Norma Ayub (DEM), esposa de Ferraço. Se a sua preferência fosse por Cachoeiro, ele seria candidato. Hartung já o apoia lá, e outra movimentação surpreendente no litoral irá favorecer o deputado, que pode abrir mão das eleições cachoeirenses (se já não fez).

As três maiores lideranças políticas do estado atualmente, sem dúvida, são Hartung, Casagrande e o senador Ricardo Ferraço (PMDB). O único que pode ameaçar a hegemonia do trio é o senador Magno. Individualista, ele continua sendo o alvo; vide Cachoeiro, e poderemos ver também em Vila Velha.

Com o fim do Fundap, o ex-governador tentou jogar o ônus para o PT. Sabiamente, Iriny rebateu e colocou na conta do peemedebista, alegando que ele sabia do fim do incentivo financeiro e não preparou o Estado para tal momento. Após abraçar a reeleição de Casteglione, não será surpresa caso a petista esqueça Hartung neste processo eleitoral.

Outro ponto: muitos acreditam que Casagrande e Hartung estão em rota de colisão, por causa das eleições de 2014 para governador. Simplesmente, não acredito. Afinal, juntos (soma-se Ricardo), eles são praticamente imbatíveis, pelo menos nos próximos 20 anos. O máximo que pode ocorrer é uma disputa interna para saber de quem será a batuta.

Finalizando, mais uma vez o momento favorece o PT, como ocorreu em 2008. Claro que ainda resta um mês para as eleições, e o apoio de Hartung por si só não define o pleito, é preciso continuar trabalhando. Mas, a verdade, é que fica difícil imaginar se há algum coelho para o republicano tirar da cartola; ainda mais com as denúncias que tendem a ‘pipocar’ no Ministério dos Transportes.

Um comentário:

  1. Mais um sábio e culto entendimento da realidade que vos cerca!!
    Mandou muito bem!

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