quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A razão de Tiririca

O deputado federal Tiririca (PR) disse recentemente à imprensa que a Câmara dos Deputados é uma “casa de loucos”. Sinceramente, é impossível não concordar com o parlamentar que teve a segunda maior votação da história para o cargo. Todas as mazelas que existem nas Câmaras Municipais Brasil afora – como falta de participação nos debates e demais atenções paralelas – ocorrem por lá em maior proporção.

Este colunista esteve no plenário da Casa na quarta-feira (21), quando foram votadas, entre outras coisas, a Comissão da Verdade – projeto da Presidência da República. Dos mais de 300 deputados, menos de uma dezena participou efetivamente do debate, seja em defesa ou contra.
Este ponto talvez nem tenha tamanha gravidade, pois outro parlamentar pode ter se ausentado do debate por manter a sua posição definida, a qual será expressada por meio do voto. O pior é o comportamento de outros pares: uns dormem, outros leem revistas, enviam mensagens pelo celular e, em grupos, têm assuntos diversos que nenhuma relação há com o projeto em discussão.

E não fica somente por aí. Boa parte dos nobres representantes do povo não sabe para onde vai o vento. Ou seja, desconhece do que se trata a matéria e chega a perder o momento da votação. Quando orientado por um atento assessor, o infeliz vai até o microfone e registra, após a liberação do presidente da Casa, o seu voto retroativo.

No entanto, pode muito bem o deputado permanecer sem o conhecimento do projeto que acabou de votar. Acontece que lá existe a salvação dos desatentos: no telão, também há a indicação de voto dos partidos diante de cada matéria da pauta. Sendo assim, antes de manifestar o seu sufrágio, o deputado desatento consulta a orientação de sua sigla e diz: “voto de acordo com a indicação do partido”.

Antes da aprovação da Comissão da Verdade, que tem o objetivo de apurar violações aos direitos humanos durante a ditadura militar, foi para a apreciação a urgência da matéria, que teve a maioria esmagadora dos votos. Derrota da oposição, representada ferrenhamente pelo deputado militar Jair Bolsonaro (PP/RJ)

Logo, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT/RS), interrompeu a sessão no intuito de conversar, por 15 minutos, com os líderes de cada partido. Os 15 minutos se tornaram quase uma hora (sem nenhum exagero) e os deputados que ficaram no plenário iniciaram protesto quanto à demora, ameaçando ir embora. Sabe-se lá qual o teor da negociação para votar o projeto. Em meio a tanto barulho, quem desistiu de ficar foi eu.

Há de se registrar também que a semana de trabalho na Câmara encerra, para muitos deputados, na quarta-feira. Alguns servidores de lá chegam a brincar que se alguém decidir andar nu pelos corredores do legislativo federal dificilmente será flagrado. Tanto que na quinta-feira (22) houve a polêmica aprovação de 118 projetos em três minutos, na reunião do CCJ, com a presença do deputado Cesar Colnago (PSDB) e mais um.

Sem dúvida, existem os deputados federais dedicados às questões nacionais e as de seu estado. Porém, não é difícil perceber que uma parte considerável simboliza o desperdício de dinheiro público e desesperança de um Brasil melhor. Mas, vale refletir que uma tartaruga não sobe sozinha ao alto de um poste. A população precisa urgentemente se politizar.


Reeleição?
“Meus assessores dizem que todo mundo, no fim, gosta daqui, quer voltar. E que comigo vai ser assim também. Mas, por enquanto… não sei, não.” – Tiririca.

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