segunda-feira, 6 de junho de 2011

Vice de escudo

Em meio à repressão policial contra a manifestação dos estudantes em Vitória, tendo como mote o preço da tarifa do transporte coletivo, o governador Renato Casagrande (PSB) pouco se manifestou. Na verdade, o fez usando o seu vice-governador Givaldo Vieira (PT), talvez na tentativa de filtrar o ônus político da ordem à Polícia Militar.

Pra que serve o vice? Na lei, somente para substituir o titular quando este se ausentar. Mas, para governantes mais antenados, a utilidade do vice é mais ampla. Há aqueles que lhe atribuem uma função, no comando de uma secretaria.

Os mais sabidos seguem outra tendência. Quando há a apreciação de algum projeto polêmico para sansão, há titulares que programam viagem e transferem a responsabilidade para o vice, garantindo a lavagem de mãos quando um escândalo vier a tona.

No caso do combate ao protesto em Vitória – que levou a capital ao cenário da época da ditadura militar -, o vice-governador foi usado como escudo do governador. Neste caso, a leitura pode ser ainda maior: um freio no poder de articulação de Givaldo visando as eleições de 2012. Vieira é o presidente estadual do PT.

Vejo que a medida mais coerente e natural do governo do Estado seria colocar o secretário estadual de Segurança Pública e Defesa Social, Henrique Herkenhoff, para discorrer sobre o enfrentamento militar. Mas, até esse foi poupado.

Certamente, Givaldo já deve ter a sua foto pendurada na ‘parede da revolta’ da juventude capixaba. No entanto, o público estudantil não é carente de informações, nem de inteligência. E sabe claramente que um vice não tomaria qualquer decisão sem consultar previamente o titular, ainda mais estando este em pleno exercício.

Tenho que sublinhar um detalhe que não pode passar despercebido: nas eleições de 2010, a juventude do estado, lê-se de 18 aos 34 anos, somou 1.032.948 de eleitores dentro de um eleitorado de 2.523.185. Ou seja, os jovens representam quase que a metade do eleitorado capixaba. Ah, os pais desses jovens também não ficaram nada satisfeitos.

Crédito da foto: Carlos Alberto Silva - GZ 

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