terça-feira, 21 de junho de 2011

Ferraço pode desconfigurar terceira via

A parceria ofertada pelo deputado estadual Theodorico Ferraço (DEM) ao PMDB na última semana visando as eleições de 2012 pode resultar em sérios danos. Primeiro, irá agravar o racha que há dentro da sigla; segundo, poderá pôr fim à ideia de terceira via; terceiro, poderá fortalecer o adversário. Vamos às explicações.

O PMDB atualmente vive um racha em Cachoeiro de Itapemirim. Existem os membros que são a favor do ingresso de Ferraço no partido, vendo a filiação como a única forma da sigla retornar ao poder. Do outro lado, há aqueles que não admitem a conquista do poder a qualquer preço.

Como é público e notório, Ferraço e PMDB são inimigos históricos, cujos combates já alvejaram inúmeras denúncias de corrupção. Como agora aceitar na mesma casa um político que sempre foi rotulado, por eles, como corrupto? Qual a razão para aceitar uma pessoa que sempre simbolizou (também para eles) a corrupção?

Já a terceira via articulada em Cachoeiro, que une lideranças do PSB, PDT, PV e PMDB, pode deixar de existir. Na verdade, o grupo pode permanecer, porém não haverá como nutrir a concepção do nome. Isso porque a terceira via nascia entre as opções de voto de Ferraço e do prefeito Carlos Casteglione (PT). Com Ferraço no grupo, a '3ª via' polariza com Casteglione.

Embora essa terceira via cachoeirense funcione como uma espécie de cooperativa política, onde cada integrante tem o mesmo peso, sabemos que o mentor é o deputado federal Camilo Cola, que encabeça a resistência contra Ferraço no PMDB.

Vale ressaltar que esse destaque de Camilo no grupo formado recentemente é devido à sua natural liderança, baseada em sua importância histórica. Em sendo assim, Camilo representa um projeto do PMDB, já que é o presidente do partido.

A meta da terceira via é discutir metas para o desenvolvimento de Cachoeiro e escolher um nome, em consenso, para disputar as eleições. Neste caso, o ingresso de Ferraço no PMDB ou no grupo tem uma vantagem: os 40 mil votos que são dele.

Porém, há um ponto a ser analisado nessa questão. Não há dúvida que Ferraço tem 40 mil eleitores fieis. Mas, a fidelidade só existe quando ele é o candidato. Esses mesmos eleitores se sentem livres de compromisso quando é outro candidato que está no páreo. 

Exemplo claro disso são as eleições de 2004, quando Ferraço pediu voto para Jathir Moreira, na época no PTB. Jathir obteve 27.853 sufrágios e perdeu o pleito para Roberto Valadão (PMDB), que teve 41.795. Ou seja, Ferraço transferiu pouco ou quase nada dos votos de seu amplo capital político. E é muito provável que ele não seja candidato devido à problemas judiciais.

E tem outro agravante. Um grupo com Ferraço a bordo irá passar aos cachoeirenses a ideia de que para derrotar Casteglione é necessário juntar as maiores lideranças locais. O que seria uma disputa sem grandes dificuldades, por conta da última avaliação divulgada sobre a administração petista, se transformará numa arquitetura incoerente politicamente – no ponto de vista ideológico – que só fortalecerá o projeto de reeleição de Casteglione.

Estando no mesmo barco Camilo, Valadão, Ferraço e o senador Magno Malta (PR), Casteglione sairá como vítima no processo eleitoral. O grupo será uma espécie de ‘Bonde do Itabira’, que, sem freio ou não, correrá o risco de sair dos trilhos, também por representar o ‘velho ao quadrado’. A vitória não passará de obrigação; a derrota eleverá o PT a uma segunda vitória histórica no município.

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