Corre à boca miúda que a expressão “esquema
demoníaco” pode retornar ao cenário político eleitoral, desta vez por quem foi
vítima do “abril sangrento” em 2010.
Meses antes daquela eleição, estava tudo certo
para o então vice-governador Ricardo Ferraço (PMDB) ser o sucessor de Paulo Hartung
(PMDB) no governo do Estado. Mas, a famosa reviravolta colocou o então senador Renato
Casagrande (PSB) em seu lugar.
À época, Ricardo aceitou a disputar o Senado,
para onde recebeu mais de 1 milhão de votos; porém seu pai, o deputado
Theodorico Ferraço (DEM), acusou a troca como “esquema demoníaco”. Nos
bastidores, a alteração se deu por influência do PT nacional como moeda de
troca com o PSB.
Com o fim da unidade política, a liga entre os
personagens daquela época acabou. O que se vê são articulações de rearranjo. Embora
nada esteja definido, o esboço mostra a família Ferraço dividida, e em lados
opostos aos interesses de outrora.
Ferraço pai, que denunciou o “esquema demoníaco”,
ao lado de sua esposa Norma Ayub (DEM) - ex-prefeita de Itapemirim -, hoje está
ao lado de Hartung, provável pré-candidato ao governo.
Ferraço filho, que sofreu em silêncio de 2010 até
então, retirou sua pré-candidatura ao governo para apoiar Casagrande. Pode ele
deixar claro que não comunga do posicionamento do pai, que tenta convencê-lo do
contrário.
De qualquer forma, Ricardo permanece entre
aqueles que o derrubaram da intenção de concorrer ao governo em 2010. Dos dois
lados, há personagens sujos com o sangue do abril acusado por ele.
Ficando com Hartung (cuja candidatura é incógnita),
Ricardo respeitará a possível decisão do partido; com Casagrande, atenderá o
próprio interesse de disputar o governo em 2018.
Diante de seu sonho de ser governador - não
tenho dúvida que esteja preparado para isso - e medindo os riscos, caberá ao
senador a escolha: perder lutando ao lado de Casagrande e contra a sua sigla (isolando-se
no PMDB) ou adiar para 2022 o projeto Palácio Anchieta (considerando a
reeleição de Hartung).
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