terça-feira, 3 de junho de 2014

Família Ferraço pode continuar rachada


Corre à boca miúda que a expressão “esquema demoníaco” pode retornar ao cenário político eleitoral, desta vez por quem foi vítima do “abril sangrento” em 2010.

Meses antes daquela eleição, estava tudo certo para o então vice-governador Ricardo Ferraço (PMDB) ser o sucessor de Paulo Hartung (PMDB) no governo do Estado. Mas, a famosa reviravolta colocou o então senador Renato Casagrande (PSB) em seu lugar.

À época, Ricardo aceitou a disputar o Senado, para onde recebeu mais de 1 milhão de votos; porém seu pai, o deputado Theodorico Ferraço (DEM), acusou a troca como “esquema demoníaco”. Nos bastidores, a alteração se deu por influência do PT nacional como moeda de troca com o PSB.

Com o fim da unidade política, a liga entre os personagens daquela época acabou. O que se vê são articulações de rearranjo. Embora nada esteja definido, o esboço mostra a família Ferraço dividida, e em lados opostos aos interesses de outrora.

Ferraço pai, que denunciou o “esquema demoníaco”, ao lado de sua esposa Norma Ayub (DEM) - ex-prefeita de Itapemirim -, hoje está ao lado de Hartung, provável pré-candidato ao governo.

Ferraço filho, que sofreu em silêncio de 2010 até então, retirou sua pré-candidatura ao governo para apoiar Casagrande. Pode ele deixar claro que não comunga do posicionamento do pai, que tenta convencê-lo do contrário.

De qualquer forma, Ricardo permanece entre aqueles que o derrubaram da intenção de concorrer ao governo em 2010. Dos dois lados, há personagens sujos com o sangue do abril acusado por ele.

Ficando com Hartung (cuja candidatura é incógnita), Ricardo respeitará a possível decisão do partido; com Casagrande, atenderá o próprio interesse de disputar o governo em 2018.


Diante de seu sonho de ser governador - não tenho dúvida que esteja preparado para isso - e medindo os riscos, caberá ao senador a escolha: perder lutando ao lado de Casagrande e contra a sua sigla (isolando-se no PMDB) ou adiar para 2022 o projeto Palácio Anchieta (considerando a reeleição de Hartung).

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